sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Um bairro mutante

Por Daniela Costa e Tamires Paulino

Dos barões do café aos estudantes, Santa Cecilia é cada vez, mais comercial

Que o bairro de Santa Cecilia tem bastante história para contar, todo mundo sabe. Mas, que tal contar essa história a partir de depoimentos de moradores e pessoas que contribuiram para a sua construção? 

É o caso de Estevão Araujo. Nascido em Alagoas, Estevão, 61 anos, trabalha como segurança. Em 1972, ele resolveu migrar para São Paulo em busca de novas oportunidades e, dois anos depois, já estava morando em Santa Cecilia.

No periodo de seis anos, o alagoano Estevão ajudou a construir a primeira estatua da Praça São Bento e o metrô, enquanto trabalhava na construtora Camargo Correia. Muito antes dele, o bairro passava por profundas transformações. Nascida em terrenos espaçosos, Santa Cecilia era ideal pra que os barões de Café, da época da Politica do Café com Leite (1898-1930), construíssem suas mansões. Entretanto, com a falência desses barões em 1930, as suas casas foram demolidas e iniciou-se a construção dos prédios que predominam na região até hoje.

Quando Estevão chegou à Santa Cecilia, encontrou um bairro muito diferente daquele luxuoso: época em que São Paulo e Minas Gerais ditavam a politica nacional. Data da sua vinda, a construção do Elevado Costa e Silva, popularmente conhecido como "Minhocão". Inicialmente, uma alternativa para o transito, o Elevado acabou atraindo a criminalidade para o local, o que continua a prejudicar o bairro até hoje. Além disso, ocorreu um esvaziamento da região, uma vez que muitas pessoas foram a avenida Paulista.

Estevão morou na rua Piauí e hoje, reside na avenida Higienopolis. Ele conta que a atividade cultural é muito pequena e pouco atrativa aos moradores, o que contribui, na sua opinião, para alta taxa de pessoas que abandonam o bairro. Outro motivo para que isso aconteça é o alto numero de assaltos.

Outrora residencial, o bairro tem se tornando cada vez mais comercial, principalmente a partir da chegada do metrô.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Lembrança árdua

(Conto para a disciplina de Construção de Narrativas da faculdade)
Por Daniela Costa

Não entendia o que na verdade acontecera. Era muito cedo e não conhecia nenhuma das pessoas que ali estavam, achei que fosse um sonho e voltei a dormir. Acordei novamente e me deparei com elas de novo, estavam desta vez encapuzadas. Quieta em meu canto, comecei a observar o buraco que estava.

A casa era escura, cheirava a vazamentos, o som de goteiras era evidente, podia sentir uma a uma caindo naquele chão gelado. Era um dia frio, nublado, chuva na janela. Aqueles dias que entristecem a alma sabe? Olhei ao meu redor essas pessoas que falei no inicio me observavam como se eu estivesse fazendo algo errado. Mas como, se nem sabia o porque estava ali?

Do nada me veio a imagem de pessoas queridas a cabeça. Era só isso que conseguia pensar, no quanto eu gostaria de estar na minha casa como todos os outros dias e flashbacks me vinham com situações engraçadíssimas e ri alto. Só ouvi a voz: “Cale a boca, menina!"

Foi como se a partir daquele momento a ficha tivesse caído. O medo tomou conta de mim e duvidas perambulavam na minha cabeça: ”O que estou fazendo aqui? Por que eu? Como vim para cá? Tenho apenas 13 anos de idade, o que querem comigo? ”Com muito medo, coisas horrendas passaram em minha cabeça, como: “Será que eles querem abusar de mim? E aquela história de trafico de crianças que vi outro dia no noticiário da TV junto com a mamãe?

Bom, algo me dizia: “Isabela, mexa-se. Seja o que for, você precisa sair daqui”. E só me passava isso na cabeça. Então comecei a arquitetar meu plano minuciosamente, acho que essa a palavra (risos).

Enquanto a única mulher do bando ia buscar algo para comer, comecei a vasculhar os cantos daquele muquifo, mas sem fazer barulho algum. Ao que ouvi passos distantes, tratei de voltar a minha posição, sentada em um colchão fino e sujo.

A mulher me olhara de maneiraes, me observava como se analisasse algo. Aquela sensação de ser observada me dava um frio na espinha. Afinal, não sabia o que se passava em seus pensamentos. Comia aquela comida, sem sal e aguada com um desdenho, mas não me tinha outra alternativa: “Ou comia aquilo ou ficava com fome”.

Adormeci ou melhor fingi que adormeci para tentar ouvir algum dialogo. Eis que quando acharam que realmente dormi, cochichos começaram. A vontade de olhar os seus rostos era imensa, mas não podia, tinha que ser paciênte naquele momento.

Um homem dizia nervoso: “Olha onde nos meteu? Essa sua ganância, ainda irá nos ferrar! Só eu mesmo para entrar nos seus planos”. - Aquela voz não era estranha. Reconheci, a voz era do caseiro de minha casa. Será um seqüestro? Por que isso, afinal meus pais o tinha como membro da família, participava de reuniões, confiava todas as chaves da casa, compartilhava anseios.

Outra voz, agora feminina dizia: “Ora, seu frouxo! Não vamos nos meter em enrascada nenhuma. Só vamos pedir algum dinheiro e logo soltamos a menina”. Minha intuição estava certa, fiquei revoltada com tamanha ingratidão de ambos. A voz feminina era a da empregada, o caseiro e ela pareciam amigos mas nunca imaginei que tramavam algo e juntos. Afinal, ela era um amor, fazia doces e me contava piadas o tempo todo em casa.

Meu Deus, não parava de pensar se meus pais estavam bem, porque eles poderiam perfeitamente ter feito algo contra os dois. E se não fizeram, eles devem estar preocupadíssimos com minha ausência.

Depois de ouvir a conversa, o ódio bateu nos meus olhos. A vontade de sair daquele lugar pavoroso tomou conta do meu ser. Tinha que sair dali e rápido. Não sabia do que aquelas pessoas que achei que conhecia seriam capazes daqui por diante.

Passou-se os dias e eles não me davam espaço. Vi o dia amanhecer e anoitecer, isso umas cinco vezes, depois perdi as contas. Já estava fraca, pois não conseguia comer a comida que me ofereciam e para me manter “saudável” me forçavam a comer, ao tom de ameaças: “Come, se não quem irá sofrer ainda mais que você, serão os seus pais!” – Com muito medo do que aqueles loucos poderiam fazer, comia e depois vomitava.

Um dia me disseram que falaria com meus pais. Não entendi e ao mesmo tempo fiquei feliz e também triste, pois não sabia o que tramavam. Me passaram o celular e quem atendeu foi mamãe, com uma voz trêmula e chorosa e eu disse: “Alô, mamãe! Sou eu, venha me buscar. Não aguento mais. – Ela respondera: “Minha filha, diga onde está! Iremos busca-la, a amamos muito e independente de qualquer queremos você conosco”.

Logo após a ultima palavra de mamãe, senti alguém com um lenço envolvendo algum liquido em meu nariz e adormeci. Era éter. Ao acordar, estava agitada e enchi os “seqüestradores” de perguntas e só ouvia: ”Cale a boca, menina cretina”.

Depois disso, me veio a cabeça que para ter chegado até aquele buraco, devem ter feito a mesma coisa. Lembro-me que cheguei da escola, após um dia bem agitado e cansada depois de uma prova difícil, ao abrir a porta de casa, apaguei!

Apos esse primeiro contato, os outros se tornaram frequentes. Um desses dias, o celular estava próximo e não vi ninguém a vista. Tratei de ligar rapidamente para casa e contei tudo a meus pais e eles disseram que a policia já estava a minha procura. Desliguei o celular e tentei fugir, uma das pessoas do bando aparece e eu disfarço.

Chegam todo o resto do bando bem nervosos, a base de xingamentos e dizem que não sabem o que fazer com o corpo e eu não entendia nada. Até que um dele disse que o caseiro, havia sido morto acidentalmente, por Edson, um dos que outros homens que ali estavam.

Saíram e eu encontrei uma brecha para fugir. Não reconhecia nada e peguei carona com a primeira pessoa que vi e parei em posto policial. Me identifiquei como Isabela Castro, de 13 anos, desaparecida a dois meses. Depois me disseram que eu estava no centro velho de São Paulo, não conhecia nada ali, sempre morei no interior, Jaboticabal.

A policia base da região contatou outros postos e logo meus pais vieram ao meu encontro. Ao afago de seus braços, chegou ao fim aqueles dias intermináveis ao lado daqueles seres desprezíveis.

Hoje, já com 24 anos e formada, lembro-me da história arduamente e luto para colocar na cadeia todo resto do bando que me trouxeram os dias mais infelizes de toda a minha vida. Restam apenas dois.

domingo, 7 de novembro de 2010

Prefeitura montará esquema especial para reprimir comércio ilegal no GP Brasil de F1

(release de noticia sobre GP de F1 dada pela Prefeitura de São Paulo)

Cerca de 200 funcionários trabalharão 24 horas por dia afim de que corra bem o evento
A Secretaria de Coordenação das Subprefeituras dará início à ação nessa sexta-feira (05/11). O objetivo é atender da melhor forma possível o publico que frequentará o Autódromo em Interlagos.
No entorno do autódromo estarão espalhados aproximadamente 200 funcionários que farão a limpeza e conservação das vias de acesso, e garantirão a segurança, em parceria com a GCM (Guarda Civil Metropolitana). Juntos irão combater o comércio ilegal durante os dias do evento.
Além da base especial do CCOI (Centro de Controle Integrado) montada em Interlagos, será feitos sobrevôos na área, dando suporte a ação realizada em terra.
A ação contará com equipes das subprefeituras de Capela do Socorro, Pinheiros, Santo Amaro e Vila Mariana, que darão todo o apoio necessário para que tudo ocorra bem.
As barracas com produtos irregulares e também de empresas que visam a promoção, sem a devida autorização para o funcionamento no local, serão fiscalizadas e apreendidas.
Na limpeza e conservação das vias estarão disponíveis 20 veículos afim de dar todo o apoio necessário as equipes no evento.
A organização solicitou à todas as equipes que fiquem a postos e também a emergência presente no local para possíveis acidentes, remoção de arvores, desobstrução de boca-de-lobo, galerias pluviais e córregos.
Segundo o secretário da Coordenação das Subprefeituras, Ronaldo Camargo, o evento movimenta o turismo e economia da cidade. “Todos os anos são realizadas pelas subprefeituras operações especiais como esta em torno de Interlagos com o objetivo de garantir uma boa recepção a todos”, comenta o secretário.