sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Entrevista: ping-pong

"Ver a cidade como se estivesse de passagem me encanta”

E é assim que Paulo Cesar de Araújo,46, se refere ao seu oficio. Na entrevista ele fala sobre a visão de um taxista sobre a cidade de São Paulo e passageiros.


Daniela – Como foi sua primeira experiência no volante?
Paulo – Foi como todo adolescente. Tirei a carteira de motorista, mas como boa parte dos jovens deixei encostada até que tivesse um veiculo. Consegui o primeiro em 1978, uma moto ano 76/77, e depois a troquei em 1986 por um carro, um Passat 79/80. Logo nasceu uma paixão por carros.

D – Por gostar de carros, foi o fator determinante para a escolha da profissão?
P- Comecei em março de 2002. O início me assustou bastante,logo com um mês,fui assaltado e nove meses depois também. Depois disso, fiquei com um certo “trauma”, com medo a cada passageiro que entrava no carro.

D – E como foram essas experiências?
P – O primeiro assalto foi em 13/03/2002. Guardo essa data, pois foi a mais traumatizante. Peguei dois passageiros, provavelmente de alguma balada, a corrida começou na Avenida Rio Branco, o assalto foi anunciado na Rodovia Fernão Dias e eles queriam que eu os levasse para alguma “quebrada”, entrei em desespero e sai do carro, procurando fugir. Foi a pior coisa que fiz e ainda esqueci a chave no carro, eles começaram a me seguir em alta velocidade para me atropelar. Vi um barranco e o desci rolando, tentando despista-los. Após conseguir, fui a pé até um ponto de ônibus. Depois de muito andar até a frota avisar o que havia acontecido, pagar a diária e torcer para o carro reaparecer. Alguns dias depois ele reapareceu e voltei a rotina, bem assustado. Já o segundo assalto, aconteceu em uma corrida de dia. Peguei um casal em Santana e ao final da corrida na Vila Matilde anunciaram o assalto, pegaram todo o dinheiro e foram embora.

D – Pensou em desistir da profissão?
P – Sinceramente, sim! Histórias de colegas e as minhas experiencias me fizeram refletir um pouco, mas achei cedo desistir. Todas as profissões têm risco e aos poucos fui criando gosto ofício. Daí resolvi investir em mim e com o dinheiro

D – E quando surgiu a oportunidade de realizá-lo?
P - Foi quando dei entrada no alvará que a Prefeitura de São Paulo concede para alguns taxistas gratuitamente e com alguns meses consegui. Esse alvará que é uma licença de ponto para trabalhar, normalmente custa dependendo da localização do ponto a trabalhar entre R$ 18.000,00 a R$ 45.000,00. Agora já com a licença, comprei um Palio 2004 e a partir daí tive que fazer minha clientela e pude fazer meus horários. Hoje, que troquei por um do ano com ar condicionado e acessibilidade para deficientes físicos, possibilitando a entrada de cadeira de rodas.

D – O que tem a dizer para quem pretende ser taxista?
P – Olha é preciso disposição, coragem e força de vontade. É imprevisível saber o que irá acontecer com você estando vulnerável e tão acessível as pessoas, mas com o tempo aprende-se a ter uma certa malicia, que só a experiencia e vivenciando situações terá.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Os caminhos de Donna Haraway




A fim de discutir a influência da unica mulher de uma lista de notáveis no mundo "tecnologico", este é um dos textos de uma série para o blog www.haraway-way.blogspot.com, um projeto de TDI (Técnologias das midias digitais) mediado pelas alunas Camila Tuccillo, Carla Torres, Daniela Costa, Giovanna Braga, Janaina Teixeira e Stela Aquino.

Por Daniela Costa

Nascida em Dever, capital de Colorado nos Estados Unidos em 1944, Donna Haraway,escritora, historiadora da ciência e criadora da ciborgologia, destacou-se na tecnologia como uma das poucas mulheres no ramo aparentemente dominado por homens com seus ciborgues.
Época onde enfatiza-se visões pluralistas e teorias feministas vem procurando um divisão simples de bem ou mal nos discursos sobre as ciências naturais, contrapondo-se a concepção de objetividade e subjetividade do momento.
Insatisfeita com os conceitos propostos por tais teorias feministas e o empirismo vigente, movimento que defende que teorias cientificas devem ser baseadas na observação do mundo e não na intuição ou fé como antes era pensando.
Donna Haraway, usa técnicas analíticas da teoria dos discursos para apoiar a leitura narrativa cientifica das ciências naturais para o entendimento de toda a ciência em ciborgues, abrindo pontos de vista “idealizados”, seja em um incorporado social, temporal ou espacial.
Ela acredita que a natureza é feita, como fato e como ficção. Organismos não seriam objetos naturais, não nascem, são feitos nas práticas técnico-científicas em um mundo em mudança, por atores coletivos em tempos e lugares particulares, como por exemplo, em expressão bem cientifica, a natureza é feita, mas não inteiramente pelos humanos; é uma co-construção entre humanos e não humanos - articulados, isto é, postos juntos. A fórmula para expressar tal articulação é: a árvore do conhecimento é uma Rede (Web), o que desloca noções como natural, corpo, corpo natural, ser humano, corpo humano, identidade, sujeito e o suposto relacional.
Já na ciência que não há apenas um significado, pelo menos não um só legitimado e sim um recurso para todo conhecimento já existente. Não concordar só na insistência da manutenção de um conceito carregado de significados como o de objetividade das ciências, para significar toda uma nova leitura e uma abertura de possibilidades e multiplicidades de análises emergentes a partir das noções de conhecimento.
Haraway possui uma postura cientifica em relação a uma ciência epistemologicamente superior, ou seja, uma ciência que relaciona conhecimento e crença, sem assumir perspectivas concretas. Ela enfatiza as fraturas em parcialidades e a importância da "visão desestabilizadora" para mexer com as bases da ordem vigente, não apenas para os novos modelos de trabalho para a ciência, mas também em novos modelos de analises politicas da ciência.