terça-feira, 11 de maio de 2010

Carmem Miranda faz 100 anos


Eventos comemoram o centenário de um dos maiores símbolos da cultura brasileira

Por Ana Carolina Silvério e Daniela Costa

Um dos maiores símbolos da cultura brasileira, se estivesse viva, teria completado 101 anos em fevereiro de 2010. Para marcar a data, São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba são algumas das cidades que desde o final do ano passado promovem uma série de eventos em homenagem ao centenário de Carmem Miranda, que levou para o mundo a imagem de um Brasil alegre, exuberante e também exótico.

Em São Paulo, a pequena notável foi tema de enredo no carnaval.: “100 anos de Carmem Miranda no Lavapés de Madrinha Eunice”. Primeira escola de samba fundada em São Paulo, em 1937, Lavapés foi constantemente embalada pelas marchinhas de Carmen. Madrinha Eunice, fundadora da escola, possuía um carinho especial pela baiana e, aproveitando seu centenário, investiu em um enredo que relembrou a ligação da antiga amiga com a escola.

Ainda em São Paulo, a semana de moda Fashion Week também buscou resgatar Carmen Miranda, com o tema “Brasileiríssimos”. O objetivo foi promover a brasilidade, abordando assuntos como a hibridização cultural do país. Segundo críticos, o evento realçou a leveza e a alegria do povo brasileiro.

O Rio de Janeiro, cidade que projetou a artista para o mundo, homenageou a artista com a peça “Miranda por Miranda”, em cartaz até dezembro do ano passado no SESC Ginástico. “Focamos em suas raízes. Ela foi à frente do tempo, impulsiva”, afirma Stella Miranda, 60, atriz, diretora, jornalista, autora do roteiro da peça, e intérprete de Carmem Miranda no espetáculo que tem direção de Miguel Falabella.

Já Curitiba organizou um baile de carnaval com o tema “Viva Carmen Miranda”, no Hotel Mabu Thermas & Resort. Entre outras atrações, o evento contou com concursos como o de melhor fantasia e o de bloco mais animado.

A quantidade de homenagens revela a importância do trabalho de Carmem para a identidade nacional. Para muitos críticos, ela representou o Brasil em forma de mulher. Com a expansão do mercado de entretenimento na década de 1930, através do cinema e do rádio, a arte da baiana estendeu-se para o mundo. O carisma da baiana criou raízes na cultura brasileira e ainda é celebrado hoje, 55 anos após sua morte.

A série “Alô... Alô? 100 anos de Carmen Miranda”, por exemplo, disponibilizada no ano passado pelo Centro Cultural do Banco do Brasil, tratou do mito e das verdades sobre a cantora. Entre blocos e canções célebres, o evento contou com relatos de especialistas sobre a trajetória da intérprete, apresentando várias facetas de seu repertório com histórias que datadas desde os primeiros anos de carreira até a presença de seus sucessos mais marcantes na Broadway e em Hollywood.

Em relação à Carmem, as opiniões divergem. Aos 87 anos, Francisca Gonçalves Costa afirma ser impossível esquecer a baiana e relembra a popularidade e a polêmica que a acompanhavam. “Segui-la era ser moderno, mas perigoso também. Os pais a consideravam má influência, como se seu jeito e suas roupas mudassem o nosso caráter. Ouvia as músicas escondida na casa de uma amiga”.

Já para a jovem Marcela Silva, 22, estudante de direito, Carmen não possui um peso significativo na sociedade hoje. “Somente tive contato com uma ou duas de suas músicas. Sei pouco sobre sua carreira, mas sei identificar sua aparência perfeitamente; afinal, fantasias e imitações foram as únicas coisas que sobraram de sua fama no Brasil”, afirma.

Símbolo do carnaval brasileiro e uma das criadoras de uma identidade nacional, Maria do Carmo Miranda da Cunha inspirou seu personagem, com gírias e expressões das rodas boêmias de sua época. Baseando-se nos trajes das baianas que utilizavam cestas de frutas na cabeça, Carmen criou um personagem sorridente, repleto de badulaques e com a boca sempre pintada de vermelho. Os movimentos das mãos, o deslizar dos quadris e o revirar dos olhos verdes tornaram-se suas marcas registradas.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Projeto Encontros é lazer na hora do rush

Por Ana Carolina Silverio e Daniela Costa

Para se desencontrar na hora do rush, o Projeto Encontros proporciona o contato da população com exposições, apresentações musicais, sessões de cinema e oficinas recreativas e culturais, além de mostras permanentes sobre história, literatura e música. O Projeto teve início dia 02 de abril de 2009, e visa trazer cultura na monótona rotina do paulistano em sua volta para casa.

O Projeto tem como ponto de partida o metrô Santa Cecília, porém pretende expandir- se em mais 15 estações de São Paulo, onde haja espaço para alterações as atividades oferecidas, e pessoas de todas as rendas e idades possam interagir.

No lugar de pegar um vagão lotado do metro, o comerciante Paulo Pereira da Silva, 41 anos, afirma que é sempre muito bom sair do stress do trabalho e parar para ouvir uma música ou para assistir algum evento em sua volta para casa. Ele ainda lamenta: “Pena que o projeto ainda não aconteça em outras estações”.

Mas não é só quem usa esse meio de transporte que está presente nos eventos, Maria de Lourdes Rocha, 65 anos, vai pelo menos três vezes por semana acompanhar a programação: “Adoro os Encontros de Dança que acontecem ás quartas feiras, eles me fazem relembrar minha juventude”.

Muito além da diversão, o projeto oferece cultura para os jovens e adultos, através de exposições fixas que permanecem na estação do metro, junto com a biblioteca; revistaria; café/ lounge; exposições de fotografias e artes plásticas, utilizando também uma estrutura de telão de cinema para a exibição de curtas metragens.

Integradas por meio da tecnologia, esse espaço de serviços e convivência oferece momentos de prazer e propõem que além de olhar as alterações, as pessoas (mais de 37mil que passam por dia no local) tomem amor pelo espaço.

Também inaugurada o ano passado, a biblioteca foi reformada para se enquadrar ao novo espaço dando continuidade ao programa “Ler é saber”. Além de livros em braile, o acervo das estações conta com mais de 2.500 exemplares e mais de 2.000 sócios.

Como a primeira biblioteca criada em 2004 na estação Paraíso, o Projeto Encontros também tem a finalidade de se expandir de acordo com o objetivo e os espaços disponíveis. Hoje, existem cinco bibliotecas de Embarque a Leitura espalhadas, porém o projeto acontece de segunda a sexta e os leitores devem fazer o cadastro, ao contrário do “Encontros”, onde as reuniões são diárias e não é preciso se inscrever para participar da programação.

Embora as apresentações tragam cultura, os vínculos sociais também são fortalecidos nesse meio. “Muitos jovens vem acompanhar as apresentações, eu particularmente, alem de apreciar a arte, sempre fico procurando alguma nova amizade, ou conhecer novas pessoas da minha idade”, diz Juliana Ribeiro Chaves, 16 anos, estudante.

Seguindo a linha das propostas do projeto, o hall de convivência café/ lounge possibilita a relação da população com um meio cultural diversificado, propondo que as atividades possam ali ser realizadas, como no caso de Luiz Carlos do Nascimento, 25 anos, estudante de filosofia, que sempre utiliza o local para ler tranquilamente um livro ou debater diversos assuntos com seus colegas.

Pagando apenas a passagem de metro, o cidadão tem livre acesso as atividades disponíveis por enquanto somente na estação Santa Cecília. Com uma programação nova a cada mês, o interesse da participação da população sempre aumenta, unindo a força da área cultural ao entretenimento de todos: “Essa é uma iniciativa que deve ser expandida em todo o Brasil, nosso país tem tudo para crescer, e possibilitar o acesso a cultura seria um ótimo começo” explica Paulo.

Para mais informações sobre a programação acesse: www.metro.sp.gov.br