sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Muito além do inglês e do espanhol

Por Daniela Costa e Leticia Matsuura


Novas opções de idiomas invadem o centro de São Paulo

Os idiomas tratados antes como excêntricos, hoje estão ganhando espaço na escolha de uma nova língua. Francês, italiano, alemão, árabe, chinês, japonês e entre outros se enquadram nessa realidade. Dominar outra língua pode fazer a diferença na procura de emprego. No centro paulistano a demanda desses cursos cresce e vai desde gratuito a pago.

“Todos os dias tem alunos interessados” afirma Maísa Kouris, 29 anos, secretária . Duas vezes ao ano (fevereiro e julho), o Centro Cultural árabe – sírio no Brasil abre inscrições para o curso de cultura e idioma árabe. Apesar da grande procura, a taxa de desistência é muito alta – mais ou menos de 40%, como explicou Kouris. Alguns dos motivos para que isso ocorra são a dificuldade no aprendizado e as diferenças na caligrafia e leitura.

Além de oferecer os cursos tradicionais (inglês e espanhol), há aquelas escolas que trazem na sua bagagem outras alternativas – alemão, francês, italiano, japonês, chinês. “Os que mais procuram chinês e japonês são os jovens”, conta Fabiana Borges, 33 anos, secretária da Skill Idiomas.

O que determina a procura entre os adultos, segundo Fabiana são a necessidade para viagens e mercado de trabalho. Já para as crianças, a iniciativa parte delas, “porque elas gostam da lingua”. Em contrapartida, Maísa, afirma que a maioria da procura do curso árabe é por curiosidade. "Uns 90% dos alunos são brasileiros e 10% descendentes”, aponta a secretária do Centro Cultural árabe.

Muitos jovens já sabem os idiomas básicos, inglês e espanhol. Consequentemente, outras línguas são procuradas. Isso faz com que a linguagem seja valorizada e que os idiomas alternativos aumentem as chances de um salário melhor. “Paga-se bem para quem fala árabe. Há poucos profissionais que a dominam”, diz Kouris.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Começa demolição do São Vito e Mercúrio

Por Ana Carolina Silverio e Daniela Costa

A reutilização do espaço deve dar lugar a uma praça pública, porém há pedidos de revisão do projeto.


Com mais de meio século, os Edifícios São Vito e Mercúrio começaram a ser demolidos no dia 3 de setembro. A prefeitura deu início á obra após seis anos do anúncio do projeto de reforma no governo de Marta Suplicy (PT).


Localizados na Avenida do Estado, no centro de São Paulo, os prédios foram desocupados em 2004, porém nesse período foi invadido por moradores de rua e viti- ma de mutirões que visavam à mudança do plano. Agora plenamente desabitado, um cercado de madeira protege o quarteirão dos transeuntes.


“O cercado não impede o acesso dos moradores de ruas aos prédios”. Sempre tem gente dormindo lá de noite, a pouca movimentação colabo- ra para que isso ocorra” explica Alexandre Gonçalves Dias, 16 anos, estudante e morador da região.


A obra deve terminar em fevereiro do ano que vem, segundo estimativa da Secretaria de Infraestrutura Urbana e Obras, porém a reutilização do espaço ainda causa polêmica entre a população da região e os órgãos públicos.


A área que deve dar lugar a uma praça com estacionamento subterrâneo,

ligando o Mercado Municipal ao Palácio das Indústrias, faz parte de uma Zeis (Zonas de Interesse Social), o que impede que o local seja utilizado para fins que não sejam de caráter social.


A prefeitura e a defensoria pública, que entrou com uma ação civil pedindo para transformar os edifícios em moradias populares, estão em disputa para a futura finalidade da área.


O Edifício Mercúrio é um gigante de 24 andares e 140 apartamentos que é vizinho do outro famoso, o São Vito, que abrigava 3,5 mil moradores em 624 quitinetes, distribuídas em 24 andares com alugueis bem abaixo da media e apartamento que custavam de R$ 3.000,00 a R$ 4.000,00.


“A reforma desses prédios em moradias populares vai resultar em uma superlotação, tudo voltará a ser como antes”, acrescenta seu José Carbone da Silva, 47 anos, comerciante próximo da região: “Os edifícios não devem sofrer uma reforma, a demolição é certa e sou a favor da construção de uma praça”, explica ele.


Símbolos de degradação no centro de São Paulo, os prédios construídos no momento de verticalização da cidade despertam opiniões divergentes na região. Para Maria Augusta Nascimento, 45 anos, garçonete do Mercado Municipal, os edifícios deveriam ser reformados para a habitação de pessoas carentes: “É falta de bom senso, tanta gente sem casa, passando fome e a prefeitura pensando em construir mais praças".


* Foto: Edifício Mercúrio já em processo avançado na demolição.


sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Além do Dom

Por Daniela Costa e Leticia Matsuura

Projeto Quixote dá assistência às crianças e adolescentes que habitam as ruas do centro paulistano.

Em maio deste ano, uma pesquisa divulgada pela Prefeitura de São Paulo trouxe dados alarmantes para a cidade: nos últimos 10 anos, a quantidade de moradores de rua chegou a 13.666 pessoas, um aumento de 57% em relação ao levantamento realizado há 10 anos. Desse total, 448 são menores de idade. Uma das alternativas para esse cenário é o Projeto Quixote, que acolhe crianças e adolescentes das ruas.

Os profissionais saem às ruas com uma mochila lúdica do projeto, que contém recursos para a aproximação, como brinquedos, jogos, bilhetes e fotografias. “A proposta é estabelecer vínculos de forma contínua, coisa que não se tem na rua”, esclarece o educador Artur Mucci, 27 anos.

Após a abordagem, a próxima fase é de aproximação com a família ou com alguém com quem a criança ou adolescente tenha algum vínculo afetivo. Se isso não for possível, o jovem é encaminhando a um CRECA (Centro de Referência da Criança e do Adolescente) mais próximo de sua possível residência e, durante três meses, é dada continuidade ao trabalho de aproximação da família.

Além dos educadores e da coordenadora geral do programa Refugiados Urbanos, Cecília Motta, 57 anos, o grupo conta também com psicólogos e assistentes sociais. O acompanhamento psicológico e social continua sendo feito mesmo após o retorno da criança ou adolescente ao seu lar e se estende para toda a família.

O Quixote mantém ainda o Cine Pipoca, todas as quartas-feiras, que funciona como um atalho para chamar as crianças e jovens ao projeto, conhecer a casa e buscar uma aproximação. A sede do projeto fica na Praça da Republica, 542.